Os dias têm pernas que me afastam do mundo, um mundo que sonho e não realizo, um mundo que vejo e não sinto porque sentir-me nele seria ser como ele nas horas que passam vazias neste mundo tão cheio…como se a minha hora fosse diferente e uma vez imposta se desvanecesse entre tantas outras que se habituam almejam e não mudam quando é a mudança que traz felicidade…como se fosse verdade que quando acordo o sol acorda comigo para um dia que desejo ser o oposto do que sei que será…quando nada restara sei então que não há final nem esperança nem coisa tal que faça a lua erguer-se quando se ergue em mim também a vontade de desaparecer…de num momento me desfalecer em ideias tantas que assombram as certezas do amanha revirar a penumbra do hoje…como se longe pudesse ver a vida numa falésia a brincar com a queda como se brinca com a bola que rebola e do chão não passa…como se fosse adquirida sorri e anestesia a quem a tem sofrida quando não decide brincar com ela própria e remexer mais ainda na ferida quando já se a tem tão perdida…como se o ontem não mais tivesse existido voltamos costas a um passado extinguido mas presente nas atitudes do hoje e nas fantasias do amanha que não reconhecemos como vãs quando reconhecemos nos outros a sombra delas…tantas discussões tantas querelas que pintamos de aguarelas num quadro gasto de sentimentos e desalentos e revoltas que trancam portas fecham corações a todas as ilusões…encaramos um presente doente como recompensa de um erro de criação de atitude e motivação…tanta acomodação que me enfraquece quando nada padece no fim do dia alem da minha alegria…vivemos de olhos fechados quando estes não se querem fechar , só para não encarar quando a nossa consciência nos perguntar o que fizeste, o que mudou? Tantas oportunidades que tiveste, desperdiçaste não quiseste…das quais fugiste com medo de perseguições, insinuações que agora te fazes a ti mesmo por não teres aproveitado…ironia deste fado de chorar o leite derramado antes de tentar o intentado…uma vida de altruísmo falso para ser aceite; como a agua no azeite é vão tentarem ser o que não são…como e vão especular a eternidade quando tudo o que temos e a vã fatuidade de um dia morrer mirrar coalescer em grãos de pó e um dia vir a erguer o doce prado da alma numa espiga rara que tarda mas não falha…porque falhar é tão humano como aos nossos olhos parece profano…como se viver fosse um herdado que acaba por ser dado nas mãos de outrem por um mísero agiste bem quando não age outrem assim também…a sociedade não é uma irmandade que nos aceita por caridade pois que vira-nos as costas antes mesmo das respostas…porque esperamos nós então para ouvir um não e sermos repudiados como uns falhados? Porque queremos pertencer a quem não nos tem querer? Porque queremos aprovação de quem não tem perdão? Porque queremos viver quando as rédeas dela deitamos pela janela? Quando um dia acordamos de um sonho que nos pesou a vida toda queremos oportunidades de refazer o que deitámos a perder todos os dias que acordámos e a seguir nos levantámos…ai queremos usar a nossa cabeça antes mesmo de qualquer sentença mas ai já e tarde como quase tudo aquilo que deixamos passar sem nos importar…faz mossa e nos fazemos troça…o que passou passara enquanto houver o amanha…quando deixar este de estar lá passara a nossa vida também acenando adeus a outro alguém a quem a demos por bem…
ta brutal!
by: Inês Alves
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